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Grupo J. Silva: Uma história de sucesso em várias frentes

Grupo J. Silva: Uma história de sucesso em várias frentes

2017-07-31

Em entrevista à Revista Business Portugal, os irmãos João e Francisco Barreiro da Silva dão a conhecer o Grupo J. Silva e, mais particularmente, as atividades, ambições e projetos da empresa Rico Gado – em Portugal e lá fora.

Afirmando-se “de portas abertas ao mundo ”, o Grupo J. Silva é um projeto empresarial que se pode orgulhar de mais de quatro décadas de um percurso com tanto de heterogéneo quanto de marcante. Atualmente na terceira geração – representada pelos irmãos João e Francisco Barreiro da Silva, esta é a história de um negócio que começou com Joaquim Silva, avô dos atuais administradores. De facto, ainda criança, o futuro empresário descobriu que “tinha uma vocação especial para a venda ao público de cereais e outros produtos alimentares” que a mãe adquiria junto de agricultores locais. Este espírito empresarial foi transmitido de geração em geração e a prova disso foi o excelente trabalho de desenvolvimento do negócio por parte de Joaquim Barreiro da Silva, pai dos atuais administradores do grupo, que transformou uma empresa focada num só negocio, num grupo empresarial de sucesso presente em várias atividades económicas. Sendo assim, formados na melhor escola que algum gestor pode ter, a transmissão de experiências e conhecimentos, João e Francisco Barreiro da Silva seguem hoje o desenvolvimento do grupo J.Silva, com dinâmica, modernidade e em constante reinvenção de forma a poderem responder aos desafios cada vez mais exigentes dos mercados internacionais.

Foi desta forma que nasceu, há mais de 40 anos, o negócio que estaria na origem da Rico Gado – Nutrição. Desde cedo, “o nosso avô  percebeu que o futuro estaria no consumo de alimentos compostos”, constatam os nossos entrevistados, numa alusão ao modo como os produtores agropecuários “já não se contentavam com produtos únicos, mas sim com uma alimentação composta, que dá rendimentos diferentes no crescimento” dos animais de produção. Hoje – escusado será dizer – a Rico Gado corresponde a uma incontornável referência nacional no setor.

A sua diferenciação está, por seu turno, garantida pela conjugação de uma série de fatores que vão da elevada especialização dos técnicos que compõem a sua equipa, à grande variedade e qualidade dos produtos aqui desenvolvidos e comercializados. Nesse âmbito, encontramos não apenas os já referidos alimentos compostos para animais, mas também os cereais, ou as misturas de alimentos naturais e os legumes secos. Com a sua unidade de produção sediada em Leiria, a empresa possui ainda Entrepostos Comerciais nos concelhos de Évora, Portalegre  Fundão, e Funchal aos quais se alia uma extensa rede de distribuição, garantindo-se desse modo a proximidade para com os produtores e clientes propagados de norte a sul do país.

Diversificação de setores

Ao mesmo ritmo com que o negócio foi crescendo,  deu-se a necessidade de diversificar o  âmbito de atuação, numa lógica de mercado que, volvidas quatro décadas, se afigurou decisiva . Foi, por isso, de forma atempada que  o Grupo estendeu a sua presença a outras atividades do universo agropecuário. Poderemos destacar, como exemplo, a exploração de vacas aleitantes em regime extensivo para produção de vitelos de carne e a exploração de produtos cinegéticos e florestais (Agrofalco – Soc. Agropecuária) e a produção de carne de bovino (Rico Gado Agro-Pecuária)

A aposta no setor primário acabaria, no entanto, por se intensificar ainda mais através do desenvolvimento da Integra – Integração e Gestão Agropecuária, uma empresa especialmente vocacionada para a exploração e comércio de produtos agrícolas e frutícolas, com especial destaque para a pera Rocha. “Hoje em dia, esta também é uma atividade com alguma expressão, já que temos uma produção anual na casa das 800 toneladas”, atesta João Barreiro da Silva. Mas engane-se quem pensasse que a visão do Grupo se circunscreveria apenas ao mundo do setor primário.

Se há, efetivamente, projeto que começou numa perspetiva de mero investimento, mas que cedo se revelou um motor de desenvolvimento e de internacionalização de todo o Grupo, tal corresponde ao Bloco B. Dedicada à transformação e comercialização de pedras mármores e calcárias, mas também a serviços voltadas para a construção civil, esta corresponde a uma empresa de forte vertente exportadora, cujos méritos acabariam por levar o Grupo J. Silva à abertura de uma segunda firma – B Explore – dedicada à exploração de pedreiras, tendo em vista a posterior transformação da pedra extraída.

Está feita, pois, a apresentação de um Grupo empresarial que, como poucos, se soube afirmar numa miríade de diferentes âmbitos de atividade, conseguindo alcançar um raro sucesso e mérito.

 Internacionalização

Mediante o seus continuado processo de consolidação nacional, parece natural que o Grupo J. Silva eventualmente começasse a apostar, com cada vez maior afinco, no seu potencial além-fronteiras. “Em relação à empresa Rico Gado Nutrição, entendemos que precisávamos de internacionalizar a nossa capacidade de produção, visto que este era um setor que não está muito vocacionado para a exportação, devido ao grande impacto  dos custos de transporte na competitividade dos produtos exportados ”, atesta Francisco Barreiro da Silva.

“Na altura, o caminho mais fácil parecia ser ir para Angola ou Moçambique e, de facto, acreditávamos em África, mas não queríamos entrar nestes mercados por diferentes razões”, recorda o administrador. “Decidimos que queríamos apostar num país com maior dinâmica agrícola e Industrial e começámos a fazer um estudo de diversas economias africanas”, prossegue o porta-voz, antes de sublinhar que foi na Nigéria – “um dos países mais apetecíveis devido às elevadas taxas de crescimento” que a Rico Gado acabaria por se instalar em 2012, fundando assim a Rico Gado Nutrition Nigeria.

Contando presentemente com uma população de quase 190 milhões de habitantes, o país africano “tinha um setor agrícola algo rudimentar, mas já com alguma sensibilização para a necessidade da nutrição”. Posto isto, e mediante “dois anos muito difíceis a quebrar barreiras culturais”, a empresa deu início à construção de uma unidade fabril na cidade de Yola, inserida no estado de Adamawa. A aposta neste projeto revelou-se de tal modo positiva que, neste momento, a empresa encontra-se a ultimar a construção de uma segunda fábrica, desta feita em Abuja, na capital do país, que terá nada mais, nada menos do que o dobro da capacidade do empreendimento localizado em Yola.

Uma equipa com ADN português

Assumindo, desde a primeira hora, a finalidade de se afirmar como “um player líder no mercado dos alimentos compostos para animais na Nigéria”, a Rico Gado Nutrition procura estabelecer verdadeiras parcerias de valor com todos quantos solicitem o seu serviço. A comprová-lo, refira-se a elevada especialização não apenas dos quadros superiores – constituídos por elementos expatriados – mas também da crescente equipa de colaboradores locais.

“A nossa intenção sempre foi ter uma empresa com ADN português”, salientam os nossos entrevistados. Significa isto que entre as pedras basilares que compõem a filosofia da Rico Gado Nutrition Nigeria encontraremos a aposta numa equipa expatriada exclusivamente portuguesa e em máquinas fabricadas em Portugal, “porque acreditamos que quer em termos de know-how, quer em termos de capacidade de produção de máquinas, existem empresas nacionais que nos dão a garantia das melhores marcas internacionais, com preços mais competitivos”, considera João Barreiro da Silva.

Reinventar o futuro

Contando com uma assinalável presença nos diversos continentes, que se justifica pela grande heterogeneidade do seu leque de atividades e empresas, o Grupo J. Silva não se mostra alheio à “grande necessidade de reinventar os negócios”, numa altura em que todo o projeto se encontra a cargo da terceira geração de administradores. O desafio que se colocou perante os irmãos João e Francisco Barreiro da Silva tem sido assumido com um impassível “trabalho de equipa”.

“Temos muita consciência dos nossos pontos fortes e fracos e penso que nos conseguimos equilibrar muito bem”, sublinha Francisco Barreiro da Silva. “Temos também conseguido potenciar as diferentes formas de ser e de gerir, sempre respeitando a cultura da empresa”, acrescenta por sua vez o irmão, João Barreiro da Silva. Saber conciliar as diferenças, respeitando o potencial intrínseco a cada elemento parece corresponder, sem surpresa, a uma filosofia também utilizada pelos administradores na sua relação com a equipa de colaboradores.

“Não temos prémios para as pessoas que ficam a trabalhar mais horas, mas temos prémios para os colaboradores que vestem a camisola”, sublinham os nossos entrevistados, que se orgulham de ser “uma empresa com rosto” e onde o contacto próximo com todos e “a componente humana” constituem uma verdadeira prioridade. Até porque “mais de 50 por cento do nosso sucesso tem a ver com as equipas de colaboradores que foram criadas, ao passo que o restante está ligado às ideias, a um bocadinho de sorte e ao timing dos negócios”.

Já relativamente ao futuro, os empresários revelam estar “a delinear os projetos para os próximos seis a sete anos”. Prometida para o porvir está “uma renovação do que é a Rico Gado Nutrição em Portugal”, mas os projetos do Grupo prometem ir mais longe. No que concerne, por exemplo, à empresa sediada na Nigéria existe a expectativa de ter, até 2020, três unidades industriais em completo funcionamento, de forma a garantir uma completa rede de produção e distribuição nacional, o que quantifica um acréscimo de investimento na ordem dos 6 milhões de dólares aos 11 já investidos nas primeiras duas unidades industriais. Ainda dentro do setor Agro-Industrial e também na frente internacional, os próximos anos serão marcados por uma aposta forte na empresa Rico Gado Agritec, recentemente constituída com o intuito de dar resposta às várias solicitações recebidas oriundas dos mais diferentes países procurando a incorporação do ‘know-how Rico Gado’ em soluções integradas para projetos ligados à Agricultura, Agro-Indústria e Pecuária.

No que concerne ao setor dos mármores, contam finalizar até fevereiro de 2018 um investimento de 4,6 milhões de euros que irá permitir ficar com uma das mais avançadas unidades de transformação de mármores da Península Íberica. Contam ainda com a aquisição de duas pedreiras nos últimos dois anos, o que consolida o acesso ininterrupto à matéria-prima. Acima de tudo, e independentemente das direções tomadas, existe a garantia de – tal como há 40 anos – este será um projeto que continuará fiel àquilo que o viu nascer: a vontade de fazer diferente, mas sempre assegurando um crescimento sustentado.